Além das dificuldades em acesso e tratamento, a legislação brasileira é bastante complexa quanto aos parâmetros utilizados nas análises dos padrões de potabilidade da água. Protocolos esses que distanciam as comunidades rurais do país a monitorarem individualmente cada um dos itens exigidos, promovendo a falta de adesão na realização das análises de qualidade.
Para solucionar esse desafio, a WTT em parceria com diversos colaboradores, desenvolveu uma ferramenta útil na geração de informações para comunidades rurais, gestores e criadores de políticas públicas, o Índice de Qualidade de Água tratada (IQA). Com ele é possível avaliar a evolução das comunidades com relação à análise e monitoramento, bem como a distância que os parâmetros prioritários da qualidade de água que se encontram da Portaria de Potabilidade.
A Thays Sulzbach, responsável técnica de WTT para a aliança Água + Acesso, tem um papel chave na criação e implementação do IQA. Confere mais sobre essa relação na entrevista logo abaixo.
W.Qual o grande desafio do programa Água+ Acesso?
T. Garantir a qualidade da água ainda é um desafio no Brasil. Apesar de ser um país rico em recursos hídricos, a falta de acesso, o desperdício e a contaminação são grandes problemas. A aliança Água+ Acesso é uma iniciativa de impacto coletivo que visa ampliar o acesso à água segura de forma sustentável para comunidades rurais de todo o Brasil. Atua com projetos e iniciativas integradas em torno de 3 grandes frentes: infraestrutura para acesso e tratamento, modelos de gestão comunitária da água, integração e fortalecimento do ecossistema.
W.Como o programa desenvolve as análises do índice de qualidade de água? Qual a estratégia de inovação por trás desse processo?
T. O desenvolvimento do Índice de Qualidade de Água tratada (IQA), focado em comunidades rurais, é inovador no Brasil. Ele busca um panorama da qualidade de água entregue às comunidades, demonstrando a que distância se encontram dos padrões de potabilidade definidos pelo Ministério da Saúde, indo além da resposta dicotômica de “atendeu ou não atendeu” à legislação. Queremos promover a conscientização e engajamento em questões de análise e monitoramento
W.Qual a influência dessas implementações na vida das comunidades contempladas pelo programa?
T. A grande importância do programa está no desenvolvimento socioeconômico local, por meio da efetividade e melhoria da qualidade da água potável segura entregue às comunidades, além de promover a saúde das famílias beneficiadas. O acesso à água resulta, neste caso, em uma transformação em larga escala em prol do desenvolvimento sustentável.
Hoje são 132.178 pessoas beneficiadas, por meio de 36.019 famílias, através da execução de 422 projetos realizadas em 349 comunidades, 86 municípios e 8 estados. Com relação ao IQA, no início da implementação do programa existiam poucas comunidades que realizavam a análise e monitoramento de qualidade de água tratada. Com o incentivo do programa e a criação do IQA, passamos para mais de 100 comunidades em alguns meses, onde foram realizadas mais de 250 análises de água tratada.
W.Com o avanço das mudanças climáticas, interferindo no ritmo da natureza e saberes das comunidades locais, podemos dizer que o Água + Acesso garante segurança para a manutenção da vida no semiárido?
T. Sim. No Brasil, o direito básico à água, dentro dos padrões de potabilidade, ainda não é possível para todas as pessoas que vivem fora das grandes cidades. Porém, através da proposta, é plausível que o acesso à água seja realizado de forma segura, atingindo comunidades rurais em todo o Brasil. O programa fomenta a entrega de água limpa e confiável, por meio estruturação de sistemas e com o incentivo à análise e monitoramento da qualidade de água, possibilitando que sejam realizadas correções que visem a saúde dessas comunidades.
O Índice de Qualidade da Água Tratada estará disponível para consulta popular através de uma ferramenta criada pela WTT. Em breve atualizações.